Uma lição de vida e de amor!

Samuel Luna é engenheiro civil e reside em Recife com sua esposa e filhos. Samuel procurou a Clínica Acallanto por meio do Facebook e contou um pouco de sua história. Ao nos depararmos com uma linda trajetória de amor e cumplicidade, resolvemos procurá-lo: não só para agradecer mais um ensinamento que ele nos passou, mas para entrevistá-lo. Vale conferir esse relacionamento tão bonito que ele nos apresentou!

“Fiz esta poesia pra minha esposa, psicóloga de 37 anos, que após vencer um Linfoma (câncer), desenvolveu duas síndromes raras e está sem enxergar, sem falar, sem comer nem beber, andar e sem movimentos coordenados. Ela está acordada, ouvindo e entendendo, consciente e orientada, interagindo, respondendo com alguns gestos, mas devido à incapacidade neurológica, está dependente pra tudo”, conotou Samuel Luna, no contato inicial que o engenheiro teve com a Clínica Acallanto.

Entrevista com Samuel Luna

1. O que é para você valorizar o amor?
Samuel Luna: Valorizar o amor é, primeiramente, amar a Deus sobre todas as coisas; e em segundo lugar, amar o próximo, dedicando sua vida ao cuidado dos seus.

2. Importância à vida é …?
Samuel Luna: Conseguir aproveitá-la, mesmo nos momentos difíceis.

3. Quais são elementos que você destaca serem símbolos de sua relação com a sua esposa?
Samuel Luna: Amor, confiança, doação, paciência, dedicação e identificação, dentre outros.

4. Como e porque resolveu fazer o vídeo?
Samuel Luna: Resolvi fazer o vídeo após ver uma matéria sobre um desses costumes que se espalham na internet: jovens rapazes tirando fotos de suas “parceiras” de apenas uma noite, enquanto elas dormem, e postando na web.
Achei aquilo tão deprimente… Então, vi que era chegada a hora de aparecer, pois tinha uma mensagem positiva a passar. Nunca havia postado um vídeo se quer na internet. Criei coragem, peguei meu celular, posicionei e comecei a falar, sem nada ensaiado.
O resultado foi um depoimento que tem emocionado muita gente, feito com que as pessoas repensem seus valores.
O objetivo também foi divulgar o raríssimo caso de Gecélia, na esperança de encontrar alguém com a mesma experiência. Até esta data, ainda não apareceu, mas tenho recebido inúmeras mensagens de apoio e de identificação.

5. Conte-nos situações peculiares dessa relação que possa engrandecer a relação de quem vive momentos semelhantes – como é sua rotina/ como transparece seu amor / como se sente retribuído?
Samuel Luna: Uma coisa peculiar em nossa relação é o fato de estarmos juntos há 18 anos, sendo 12 anos de casados, e sempre termos sido fiéis um ao outro. Nunca traí minha esposa, e tenho paz em acreditar que ela nunca me traiu. Infelizmente, isso é visto como peculiar nos dias de hoje.
Outra peculiaridade seria a nossa história em relação à adoção de nossos filhos. É uma longa história, mas muito resumidamente, eu sou filho adotivo. Fizemos o cadastro, mas como houve demora, adotamos nosso primeiro filho, Gabriel, por adoção consentida (quando se recebe a criança diretamente da mão da mãe biológica), e após um processo de dois anos, tivemos a certidão de nascimento dele autorizada e emitida pela justiça.
Dois anos e meio depois, recebemos uma ligação do cadastro, perguntando se queríamos adotar uma criança. Aceitamos, e em dois meses, tivemos sua certidão conosco. É uma história bem peculiar.
Mais uma peculiaridade é o fato de eu estar me doando quase que completamente a Gecélia e aos meus filhos neste momento, combatendo as limitações provocadas pela rara enfermidade que lhe acomete. Só a ocorrência de sua doença já é muito peculiar, pois não conheço nenhum casal no qual um dos dois sofra de uma doença tão rara, a ponto de não conseguirem encontrar mais ninguém com o mesmo caso, seja na sua cidade, no seu estado, e até mesmo no seu país. Ela sofre de Degeneração Cerebelar Paraneoplásica, uma síndrome que acomete o sistema nervoso central, principalmente o cerebelo, e normalmente é vista antes ou durante o diagnóstico de um câncer. Com Gecélia, a síndrome apareceu meses depois de sua cura do Linfoma, o que não pude constatar em nenhum dos artigos científicos que li a respeito.
Nossa rotina é uma troca mútua de amor, seja pelo que faço por ela, seja pelo modo como ela reage a tudo o que tem passado. Cuido de Gecélia com ajuda de enfermeiras, de nossas diaristas e da família, mas não consigo me desligar dela, mesmo com recomendação médica para fazer isso de vez em quando.
A retribuição que ela me dá são os momentos de riso, de alegria que ela tem, mesmo sofrendo tanto com uma enfermidade tão difícil. Ela também me retribui com carinhos, mesmo sendo difícil, devido à falta de coordenação motora e de visão.

Para acompanhar a homenagem, acesse:
www.youtube.com/watch?v=5fATH4sZ6eo

Comentários

comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *